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10/04/2011

Vida

A vida é um estado psicológico que determina a nossa existência como seres animados mas mais do que isso é um atitude que devemos tomar.

Todos existimos, é um facto contra o qual não podemos apresentar um único argumento racional que seja, mas isso não quer dizer, de forma nenhuma, que vivemos. Assim como uma pedra existe, eu tenho a certeza que ela não vive, muito menos tem um propósito a desempenhar. Existe unicamente porque complementa o mundo físico no qual habitamos.

Contudo, existem pessoas que se limitam a imitar as pedras da calçada que pisam, não passando de meros figurantes de um filme de comédia ao qual damos o carinhoso nome de sociedade, enquanto outras se esbatem ruidosamente até alcançarem o papel principal, satisfazendo-se apenas com o domínio, o poder e o dinheiro. A verdade é que nenhum dos elementos que integra os grupos apresentados se pode orgulhar de viver, no melhor sentido que a palavra pode ter. Limitam-se a uma mera e mais ou menos abonada existência.

Na realidade, poucos são aqueles que vivem e podem, um dia, orgulhar-se de terem deixado um legado de vivência produtivo, porque só os mais correctos seres humanos conseguem perceber qual o seu papel no mundo. Quem o consegue e desempenha, estará a arranjar um sentido para a sua existência e é a esse sentido que podemos chamar de vida.

04/04/2011


Vida

Ela vem inesperada
numa breve luz
vem calmamente
tão docemente
vem ...
serena
numa paz plena
o inicio...

Comigo
ela foi embora
não mais por mim esperando
apenas foi embora
deixando para trás
apenas o vazio
da minha existência
nesta minha demência
um corpo apenas...

Percebi que toda a vida começa
com o leve toque da morte
talvez a minha nem tenha chegado a começar
mas tenho a certeza
que não está por acabar
será que alguma vez existi?
sou apenas uma alma
medíocre
pobre
maltratada
rejeitada!

Na morte
encontrei a vida
que me foi negada
encontrei lágrimas
ela ajudou-me
no tempo em que estive perdida
lá encontrei-me

Afinal toda a vida
tem apenas um fim
a morte

Mas este será apenas o meu inicio
pois a vida foi o meu pequeno erro
que me levou
ao meu grande fim...


Darkwhisper








01/04/2011

Vida


            Nasci… Nasci da junção da escuridão da alma e das trevas de espírito. Por conseguinte, vivo resignado a um destino obscuro e belo. Belo pela existência do amor. Obscuro por apenas servir como espectador nesse teatro redundante. Como me sinto afastado dos restantes figurantes, sendo eu o único constituinte do público. Sou o anti-social. Mas, pensando a fundo, tenho razões para me sentir bem, afinal sou a diferença naquele mar homogéneo.
            Que felicidade cínica… Pelo menos vai servindo para enganar o espírito e iludir a alma. Mas não me distorce a realidade. Consigo ver através da magia e acordo para a realidade. A minha ingenuidade infantil dissipou-se.
            Eventualmente, cresço. Já me habituei a tudo o que contraria a minha paz interior. E continuo sozinho. E continuo bem. E continuo mal. Nada me prende ao mundo neste momento. Mas se aqui estou, devo ter algum objectivo, algum propósito. O ser superior não me criou ao acaso ou por diversão. Ter-me-á trazido a este mundo para realizar algo. Mas não encontro nada a fazer. Nada me dá satisfação e tenho de me conformar com isso.
            Finalmente chego ao fim da minha jornada. Vejo agora que me enganei. O que tomei como “superior” era, no fim de contas, um ser totalmente arbitrário. Minha vida não teve sentido nenhum nestes anos. Passei-a toda a observar minuciosamente tudo o que me foi atravessando no caminho. Por vezes tentei imitar com o objectivo de captar uma réstia de felicidade mas, surpreendentemente (ou não), não obtive qualquer sucesso.
            Estou aqui à deriva no mar sem fim, a observar o pôr-do-sol mais pressagioso que alguma vez vi. Penso que chegou a altura de pôr um término a esta miserável existência. Resta-me agora esperar pelo ceifeiro de almas. Ele que me leve para o abismo luminoso, para junto das restantes almas penadas. Talvez aí me sinta integrado, pelo menos parcialmente. Lá poderei contar a minha história e talvez ela se torne uma banalidade. E isso era o que eu mais queria. Queria ser apenas mais um de um todo e não o único de algo.
            Já sinto o metal frio da lâmina no meu pescoço a arrastar-me para o calor infernal. Sinto uma tranquilidade estranha. Chegou a hora, morri…

Tema

Eis que uma nova semana surge e com ela vem um tema fresquinho, pronto para ser meigamente esmiuçado até à espinha dorsal. Como temos vindo a abordar o mundo metafísico, desta vez decidimos mudar um pouco de ares, leia-se temática, e escolher um tema que nos afecta directamente, não fossemos nós seres viventes. Para quem ainda não descobriu o tema, aqui o têm:

Vida

Consultando o nosso fiel dicionário, do qual não prescindimos, ficamos a saber que a vida é:

1. O estado de actividade dos animais e das plantas;
2. O tempo que vai do nascimento à morte;
3. Energia.

18/03/2011

Luz

Intocável e inalcansável, feita de absolutamente nada mas sinónimo de absolutamente tudo. Consigo acarreta a responsabilidade de nunca negar a esperança que em si depositam de forma cega e inconsciente, seduzidos pela sua lívida clareza e inesgotável luminosidade, não fosse ela a própria luz.

Este fenómeno constante é inspiração, direcção, sentido e orientação. Pode ferir o mais profundo ponto do orgulho, mas não deixa de criar a paz. Nela nos baseamos para determinar a direcção das nossas acções, procurando sempre a luz que nos guia, a estrela que bilha, mostrando toda a sua elegância e sabedoria, indicando o caminho ao marinheiro que se encontra à deriva.

Ela mostra-nos tudo o quanto nos rodeia, deixando a clara impressão que não passamos de simples figurantes dispostos aleatoriamente num espaço que não é nosso, mas pelo qual lutamos, procurando roubar a quem por direito possui o papel principal.

Viver às escuras significa não ter rumo nem direcção. Procurar esse rumo acarreta uma busca interior, profunda e complexa que só o mais vivaz ser conseguirá realizar porque a luz, essa, brilha lá no fundo, mas o túnel é longo e a saída difícil de alcançar. Cabe-nos procurá-la!

03/03/2011

Luz

Estou perdida
neste imenso inferno
será que existe salvação?
será que existe perdão?

Vejo algo
algo ...
uma luz ténue
bem la no fundo
no inferno do meu mundo

É quente
doce, e belo
aquece todo
o meu corpo
torturado
já cansado
e para sempre condenado

Mas quando lhe tento tocar
e como um choque
uma sensação
de queimadora
que me faz gritar
e parar
para já mais voltar a pensar
que algum dia pertencerei
à luz

Não pertenço
a esse lugar
estou perdida
a luz...
já mais lhe voltarei a tocar ...









21/02/2011

Luz

                Vejo a luz. Ela aquece a minha alma com o seu tom alegre, nem muito intenso nem demasiado fraco. Sinto-me atraído por ela e essa atracção é demasiado forte para que eu consiga resistir. No entanto, encontro-me preso neste lugar cinzento, preso por correntes de prata, muito mais forte que eu e a minha força de vontade. Meu desejo seria que essa luz me abraçasse após eu voar em direcção a ela, mas neste calvário continuo. Não que este seja um lugar mau, só que vendo onde eu poderia estar, já não me agrada. Esta perspectiva que se apresenta diante de mim é uma tortura. Mas eu aguento, tenho de aguentar… não há alternativa.
                Não obstante, este lugar é mais (muito mais!) agradável que aquele onde me encontrava anteriormente. Esse sim é um total e brutal inferno! A escuridão era a única coisa que se conhecia. Ela embrulhava o meu espírito, tornando-me frio e distante. Nada existia (ou era como se não existisse).
                Quando transpus a fronteira entre a zona negra e a zona cinzenta senti algo inexplicável. Uma sensação de alegria incompleta que ainda hoje me envolve. Alegria apenas “completável” com aquela luz que continua a assombrar-me, a zombar de mim como se gostasse de me ver sofrer. A única coisa a fazer é ignorá-la.
                Seria bom fazer um plano para alcançar a zona branca, só que existe a possibilidade de acontecerem percalços que farão com que volte para a parte negra e, antes que aconteça algo, teria de me prevenir contra a eventual queda.
                Cá estou eu, de novo apagado… Não me contive e caminhei a passos largos para a luz sem que me apercebesse que estava a fazer uma terrível e fatal asneira. Voltar à estaca zero magoa mais do que tudo o que se possa imaginar.
                Agora entendo… embora a parte cinzenta seja infinitamente melhor que a parte negra, a parte branca é, apenas, imperceptivelmente melhor que a neutra. Cheguei à conclusão de que a zona de equilíbrio é o lugar natural do eu desequilibrado. Outras pessoas terão mais sorte a atravessar a derradeira fronteira (e ainda bem para elas!) mas infelizmente não é o meu caso.
                Aqui me despeço, ainda tentando perceber o que me distingue de todos os outros e a tentar “digerir” a desgraça que se abateu.
                Lucidamente,
                               Blackbird